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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Pujança e miséria do ativo Cyre3 ou Cyrela


IPO ocorreu no ano de 2005 e fechou o ano
 de 2011valendo a quantia de R$ 14,84 com
queda anual de -30,67



...em geral a humanidade é arrogante... Elie Horn
                                                                             
                                                                               
                                                                              Em prolegômenos. O empresário Elie Horn, controlador e presidente desta empresa, com a finalidade de crescer a empresa em todo o Brasil abriu capital na bolsa no ano de 2005. Horn está a quase cinquenta anos  à frente de sua companhia uma vez que ela foi fundada por ele em 1962 e tem a fama forjada ao longo da carreira de homem arguto e discreto com uma rotina de trabalhar 16 horas  por dia, com exceção dos sábados, dia de seu descanso, uma vez que é praticante fervoroso do judaísmo. Na verdade o Sr. Elie Horn aproveitou o boom dos IPOS na hora certa, que começou em 2005, teve o auge em 2006 e 2007 e depois sofreu um golpe no ano de 2008 e deu uma recuperada em 2009 e, finalmednte, uma estabilizada em 2010. No site da BVMF encontramos a definição de IPO: O primeiro lançamento de ações no mercado é chamado de Oferta Pública Inicial (também conhecido pela sigla em inglês IPO – Initial Public Offer). Após a abertura de capital e a oferta inicial, a empresa poderá realizar outras ofertas públicas, conhecidas como Follow on. As ofertas públicas de ações (IPO e Follow on) podem ser primárias e/ou secundárias. Nas ofertas primárias, a empresa capta recursos novos para investimento e reestruturação de passivos, ou seja, ocorre efetivamente um aumento de capital da empresa. Nas ofertas secundárias, não há aumento de capital, por sua vez, proporcionam liquidez aos empreendedores, que vendem parte de suas ações, num processo em que o capital da empresa permanece o mesmo, porém ocorre um aumento na base de sócios. Com o IPO da Cyrela, em 2005, levantou-se 900 milhões de reais e Elie Horn ingressou no reduzido grupo de bilionários brasileiros. Horn sempre evitou qualquer exposição pública em razão  dos ensinamentos religiosos pregarem a humildade. Para fazer crescer a empresa optou pelos contratos de parcerias. Nesta trilha a empresa espalhou pelo país, 200 canteiros de obras com onze parceiros regionais que controlavam cerca de 80% das obras. Logo veio o preço salgado destes contratos ou o descontrole da empresa, uma vez que cada parceiro mostrava os dados de suas obras conforme critérios próprios, assim, a empresa não tinha uma visão clara do que ocorria na empresa. Não se esqueçam que 72% do IPO ficaram com investidores estrangeiros que caíram fora em 2008. Não é à toa que o ativo caiu -61,98% só neste ano de 2008, uma queda monstruosa e preocupante. Por outro lado, o ativo subiu 170,16% só no ano de 2009, nem tudo é ganho em razão de ter caído muito no ano de 2008, é apenas recuperação, devolução do que foi retirado. Só que praticamente todos ativos subiram, então, este número reluzente é enganador, não merece euforias já que se um ativo cair 50%, exemplificativamente, ele terá que subir 100% para recuperar o perdido. Assinalo que Euforia é algo negativo  em qualquer investimento para quem pega tudo nas alturas; para quem sabe o timing correto, a hora de vender. De qualquer modo, o certo é não entusiasmarmos com nenhum investimento. A subida da bolsa em 2009 é algo que nunca mais pode acontecer nos próximos anos, algo raríssimo. Foi um acontecimento imperdível.
                                                               

                                                                      Acionistas. O sócio controlador Elie Horn possui  32,68% das ações; o Conselho Administrativo 0,11%; a Diretoria 0,03%; o fundo americano Carmignac Gestion 7,81%; o fundo Black Rock Incorporation 5,30%; e o fundo brasileiro Tarpon 5,00%.     
                                                             
                                                                         Tag along e remuneração dos acionistas. O tag along é de 100%, só existem ações ordinárias e a distribuição obrigatória do lucro líquido consolidado é de 25%, muito baixo. O que é tag along? Tag along é um mecanismo de proteção aos acionistas minoritários de uma companhia que garante a eles o direito de deixarem uma sociedade, caso o controle da companhia seja adquirido por um investidor que até então não fazia parte da mesma. O tag along garante que o comprador das ações dos controladores, faça uma oferta pública aos acionistas minoritários, por 100% do valor pago pelas ações dos controladores para o nível de governança corporativa tipo novo mercado, 100% das ações ON e PN para o tipo nível 2 ( até o dia 09/05/2011 era 100% para ON e 80% para PN) e 80% do valor para as ações ON conforme a legislação para o tipo Nível 1. Cabe aos minoritários aceitarem ou não a proposta.


                                                                   Em 2007 a primeira emissão de debêntures. O que é Debênture. No mundo jurídico existem inúmeros títulos de crédito e, dentre eles, temos o chamado de debênture. Se uma empresa que possui ações em bolsa pretende tomar emprestado dinheiro poderá lançar mão deste tipo de título de crédito, destarte, é um título de crédito que representa empréstimo que uma companhia faz junto a terceiros e que assegura a seus detentores direito contra a emissora, nas condições constantes da escritura de emissão. Na escritura de emissão  ou um detalhamento da operação estão descritos todos os direitos conferidos pelas debêntures, suas garantias e demais cláusulas e condições da emissão e suas características, trata-se de um documento extenso onde consta também data de emissão, vencimento, juros e outros detalhes. Usando desta faculdade jurídica a nossa  Cyrela emitiu estes títulos em 2007, se endividando em R$ 500 milhões, títulos com vencimentos em três parcelas vencíveis em 1° de abril de  2012/2013/2014.                                                     
                                                                    
                                                                      Em Janeiro/2008 nova emissão de debêntures. A crise estouro em Setembro/2008 nos Estados Unidos e logo depois ou em Janeiro de 2009 a empresa emitiu novas debêntures no valor de R$ 495 milhões, ou seja, por cinco milhões a dívida em debêntures não atingiu um bilhão de reais.
           
                                                                       Em Setembro de 2009, a terceira emissão de debêntures. Desta vez o valor da dívida foi de R$ 650 milhões, ou seja, a empresa ficou com mais de 1,5 bilhão em dívidas.

                                                                        Quarta emissão de debêntures em Setembro/2010. O valor foi de R$ 300 milhões.
                                                                

                                                                         Certificado de Recebíveis Imobiliários em 2011. O que são Certificados de Recebíveis Imobiliários? Também são títulos de crédito criados pela Lei nº 9.514/97, com isenção de imposto de renda para pessoas físicas, ou ainda, algo que possa receber garantido por imóveis vendidos ou alugueis. O valor da dívida foi em nome da Brazil Reality Properties controlada pela empresa e foi no valor de R$ 270 milhões.
                                  
                                                                 
                                                                          Em 27/10/09 novo IPO de ações suplementares. Se não bastasse a empresa ter ofertado ações em 2005, neste ano voltou aso mercado com ações suplementares ou entre outras palavras mais pessoas para dividirem o mesmo bolo. Nesta data as ações foram precificadas em R$ 22,00, abaixo da cotação do dia de R$ 22,40 e com queda de -6,94 no final do pregão. Foram colocadas 53.700 milhões de ações e a quantia arrecadada foi de R$ 1,182. Aqui fica uma lição, o momentum certo de ter caído fora do ativo foi este quando custava mais de R$ 22,00, em razão do ano eufórico de 2009 e a diminuição da participação dos acionistas no bolo pelo aumento de ações.
                                                         

                                                                           Atraso de obras. Como resultado das parcerias as obras começaram a ficar atrasadas. Na Bahia algumas obras ficaram bem atrasadas. Sem falar no aumento significativo de reclamações contra as construtoras que só fez aumentar em 2011.
                                                                               
          ...na bacia das almas ou na hora da morte...                                                         
                                                                            Desfazimento de parcerias iniciado em 2010. Uma coisa certa é que os gigantes começam a ter pés de barros ou em outras palavras quanto maior o pau, maior o tombo e a empresa sentindo isso, iniciou o desfazimento das parcerias e isto começou em Julho/10, com a compra das partes dos sócios nas maioria das vezes. Exemplificativamente, em Salvador, um enorme condomínio com 18 torres e 1 138 apartamentos denominado de Le Parc. Vejo um erro necessário da empresa ou crescer com dívidas comprando a parcela de suas sócias, em um momento nebuloso da economia mundial. Se não comprasse a parte do sócio, provavelmente não desfazia as parcerias com facilidade, argumento lógico. Agora, será que estas compras  foram feitas na bacia das almas (barata) ou nas hora da morte (cara)? Isto é quase impossível responder uma vez que qualquer preço é relativo, vários fatores influenciam. Fica o mistério que o tempo certamente desvendará com números.

                                                                                Lucro em 2010 abaixo do previsto. Como consequência destas parcerias a empresa só lucrou neste ano 600 milhões de reais, uma bela soma, só que o lucro esperado era de 800 milhões de reais.
                                                                         
                                                                                Resumo de 2011. O ano de 2011 foi tétrico para o ativo, uma vez que fechou no valor de R$ 14,84 com queda espantosa de -30,67. Há dois anos atrás ou no dia 27/1/10 o ativo da empresa valia R$ 22,01. Um famoso indicador de preço de ação é o P/L ou o preço do ativo dividido pelo rendimento anual e este está em 17,54 pelos dados do terceiro trimestre de 2011 ou, em outras palavras, se nós comprarmos por este preço levará uns dezessete anos para reavermos o capital. É um P/L alto já que o bom é abaixo de 10 ou que a empresa tenha um P/L alto mas esteja em fase de crescimento sólido dos lucros ou com perspectivas de diminuir este indicador. Se há notícias ruins sobre as perspectivas imobiliárias, algumas catastróficas, tenho este indicador como muito alto, indicando manipulação do ativo. Talvez, um preço justo seria em torno de menos de R$ 8,00. A empresa comercializou R$ 6,49 bilhões em 2011, ante a meta de R$ 6,9 bilhões a R$ 7,7 bilhões.
                                                                          
                                                                                 Comunicado de 26/Janeiro/2012A Cyrela Brazil Realty Empreendimentos e Participações divulgou nesta data que a Janus Capital Management diminuiu a posição acionária na construtora. A companhia, contudo, não informou o montante de ações vendidas. A gestora de investimento americana Janus detinha 20,186 milhões ações ordinárias da empresa em 24 de janeiro de 2012, no importe de 4,77% do capital da companhia. A notícia não é boa. Só que o mercado ignorou isto e a ação subiu 4,15% atingindo o valor de R$ 16,56.


                                                                                Alguns, compraram e mantiveram o ativo acreditando em pujança infinita, algo chamado de buy and hold, e estão presos nele em valores altos esperando a sonhada recuperação e valorização. Acompanhar o ativo é imperdível, é o caso concreto, o caso vivo pulsando com pujanças e misérias. Muitos capítulos se sucederão na linha inexorável do tempo, cada um mais emocionante que o outro. Acompanharemos o desenrolar do ativo, neste relatório sem fim. Em resumo, até o começo de 2012, o ativo merece boas e constantes preocupações para quem esteja nele, no entanto, no dia 7 de Fevereiro de 2012 fechou em R$ 17.80, com alta no ano de 2012 de espantosos 19,95%, ou seja, sem nenhuma explicação nos fundamentos da empresa, pode haver correção. 

                            

 













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