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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Os Brasileiros, Os Axiomas de Zurique e a Esperança

Pandora


                                                Abrindo o vaso de maldades de tampa larga, digo que se os católicos tem Eva como mulher fatal, os gregos tem Pandora como o equivalente feminino. Pandora, a mulher de todos os dons (Pan: todo, tudo e dora: dons, palavra grega bem como as demais do artigo com exceção de countdown que significa contagem regressiva em inglês) foi encomendada por Zeus a seu filho Hefesto o qual da argila esculpiu a mais formosa das mulheres. Explico que Zeus queria, na verdade, se vingar dos homens, e, em especial de Prometeu e Epimeteu. De diversos deuses Pandora recebeu muitos dons e foi enviada como esposa de Epimeteu, o Adão grego. Como presente de núpcias a nossa Pandora trouxe um vaso de tampa larga, oferecido por Zeus, com a recomendação de não abrí-lo. Por curiosidade, Pandora abriu o vaso libertando todos os males que assolam a raça humana e, antes que a ESPERANÇA evolasse, fechou-o. Destarte, o mito de Pandora simboliza a perdição dos homens, a QUEDA e a sua eterna esperança por dias melhores, a esperança é a elevação energética pela vontade que algo de bom ocorra, apesar do mundo estar povoado de maldades como explica O Mito de Pandora. Já que o vaso de maldades foi aberto, devo dizer que Epimeteu significa o que pensa depois (Epi: depois e meteu: pensar, antever). Prometeu, o que pensa antes (Pro: antes, Meteu: pensar, ver,), irmão de Epimeteu, primo de Zeus, amigo da raça humana. O homem vivia na Idade do Ouro, quando Pandora apareceu. Prometeu já tinha avisado a seu irmão sobre o perigo de receber presente dos deuses, mas como não pensar depois diante de uma mulher linda e deliciosa. Assim, neste mito temos o homem, o que pensa depois, a sua queda do paraíso, da Idade de Ouro, e a mulher que libera todos os males, restando a ambos a ESPERANÇA uma vez que após a liberação de todos os males os homens passaram a viver na Idade de Ferro onde a violência ou Hýbris predomina sobre a Díke, a justiça. Os mitos são importantes pois desvendam, esplicam e consolam a natureza humana, digo até que são verdades humanas irrefutáveis. Na esperança temos o homem a querer ficar rico, lutando contra as doenças e outros males, mas, apenas estamos adiando a morte, já nascemos devendo toda a nossa vida a mãe terra, somos countdown, contagem regressiva, e por sermos countdown, talvez, a maior de todas as esperanças é a busca da eternidade, vira e mexe temos um tresloucado dizendo que isto é possível, duvido. Não se esqueçam que a mulher e a terra estão mais próximas que o homem. Aparentemente, a mulher é o mal, contudo, tomem tento que a terra como a mulher são símbolos da fecundidade, do prazer e da própria destruição, esgotam o homem, roubam lhe as sementes e o suor. A terra dá a vida e como pó voltaremos para o seio dela em contagem regressiva, como a paga do tempo. Vivemos na esperança e quando morremos, de certa forma a esperança se renova por novas vidas que virão. Venho alertando que os axiomas colocam o dedo na natureza humana e, por isso, eles são mais complexos que a maioria dos apostadores ou investidores imaginam e a filosofia, bem como, a mitologia são necessárias neste jogo bruto. Nada pode ser interpretado como a casca de uma laranja jogada ao solo, superficialmente sem mitologia.                            

                                                Os axiomas de Zurique, como não poderiam deixar de ser, viu esta essência humana, a esperança, viu Pandora cheia de curiosidades abrindo o vaso de tampa larga, vislumbrou nela um ponto frágil nos negócios, a queda dos negócios e, querendo ser Prometeu, o que pensa antes, elaborou o Terceiro Axioma Maior:

                                                       O 3º Grande Axioma: DA ESPERANÇA
                                         Quando o barco começar a afundar, não reze. Abandone-o



                                      Pois bem, vejam só, se você comprou uma determinada ação e viu que as coisas desandam não fique esperançoso que dias melhores virão, caía fora do negócio. Rezar, então, para que os negócios melhorem, nem pensar. Parece duro o axioma, mas sem dúvida, se se trata de negócio e você viu que errou, realize os pequenos prejuízos e, por conseguinte, vá em busca de outras oportunidades que sempre aparecerão no mundo dos negócios. Os ratos são os primeiros que abandonam o barco e, se trata de negócio, o certo é agir como os práticos ratos. Agora, a questão delicada que fica é mensurar quando o barco está realmente a afundar, encontrar o tempo real, encontrar Cronos, o deus do tempo absoluto. O mercado de ações, exemplificativamente, sabe muito bem que para colher os frutos é preciso balançar as árvores, ora, ora e ora, se o mercado de ações  é manipulável, muitas vezes os incautos confudirão o balançar da árvore com o barco a afundar. Este detalhe, pode ser crucial em seus investimentos com ações ou em qualquer outro negócio, tome cuidado, não confunda riscos com ruídos de árvores.



                            Para que você se livre de esperanças que poderão lhe levar a ruína é necessário que você aprenda a assumir pequenos prejuízos e, por isso, complementando o terceiro axioma maior da esperança temos o quarto axioma menor:


                                                             4º Axioma Menor:

                                                  Aceite as pequenas perdas com um sorriso, como fatos da vida. Conte incorrer em várias, enquanto espera um grande ganho.                                             


                                                    Assim, se o barco está a afundar, o melhor é cair fora, sempre atento que no mercado acionário pode só estar ocorrendo o balançar das árvores, a colheita dos frutos, momento em que você deve permancer firme em seus investimentos. Quando encontrar razões reais para pular fora do barco, você, como investidor disciplinado terá que ter o hábito de assumir pequenas perdas, aceitar que o barco, às deveras, está afundando, acreditar que é melhor assumir pequenos prejuízos do que alimentar ESPERANÇAS, tudo com sorrisinhos leves no rosto. Não há ganho sem perdas, uma regra básica e sólida, sentenciada, sintetizada, na miséria dos prejuízos.

                                                   Três obstáculos para abandonar o barco que afunda. Segundo Max Gunther as pessoas tem dificuldade de deixar o barco por três motivos:  1º) Medo do arrependimento ou abandonar o investimento e ele reagir logo depois; 2º) dificuldade em assumir perder parte do capital aplicado; e, 3º) admitir que errou, muitas pessoas tem dificuldades de assumir erros, o lema é, nunca erro. Só que da mesma maneira que a esperança está entranhada no homem, o erro também está e, errare humanum est (o erro é humano), velha máxima latina. Difícil, Max Gunther, é pensar antes, a nossa sina é pensar com lucidez só depois do ocorrido, do leite derramado, afinal, somos filhos de Epimeteu, o que sempre pensou depois. Quando menos se espera, até por simples esquecimento, você trairá a si mesmo e cairá nas coisas da vida cheio de esperanças, em novos projetos ou negócios, e por que não, em novas ações. Como o lobo perde o pelo, mas não perde o vício, o homem perde tudo mas não perde as esperanças, estas são as faíscas da natureza humana. Assim, ninguém pode negar que o investimento também é uma esperança. Outro fato que pode ser incluído neste axioma menor é que a dor da perda é horrível, um pesadelo entre Équidna, Tífon, Medéia, Esfinge, Hidra de Lerna, Cérbero, Ortro, Sereias atropofágicas e outros maravilhosos monstros gregos, se você ganha, muitas vezes não se sente tão bem como se tivesse ganhado, o ganho você acredita que é apenas um pagamento justo pelo seu esforço, nada a comemorar, você merecia muito mais. Este pensamento pode não ser muito correto, maximizar a dor da perda e minimizar o sabor do ganho, uma questão a ser debatida, uma vez que o melhor aprendizado, o que produz regras de ouros, infelizmente, é o  moldado nas forjas de Hefesto, o pensamento construído na dor, na mulher, neste exato momento é que surge a ingratidão humana pelo ganho e o pior, ela quase sempre não é percebida. A dor é um presente de Zeus, é Pandora, a quem só consegue, miseravelmente, pensar depois e em razão de sua arrogância, tenta pensar antes, ser Prometeu, prever o futuro ou desafiar os deuses, algo humano, demasiado humano, lembrando de Nietsche. Uma proibição religiosa antiga era a tentativa de prever o futuro, um verdadeiro pecado com penalidade infernal, hoje fora de moda, no entanto, tem lá algum fundo de verdade, ainda, em razão de que quase todas as previsões serem tragadas pelo abismo do tempo e de certa forma trazerem a miséria e a dor. Por outro lado, há uma banalização das previsões, o sagrado travestiu em profano. Se há esperança, há previsão de dias melhores uma coisa está ligada a outra e, o quarto axioma maior trata, justamente, das previsões nossas de cada dia, assunto que tratarei no próximo artigo. Pois saber é poder desde a época em que Prometeu foi amarrado no Cáucaso, por desígnios de Zeus, que o acusava de dar aos homens o fogo sagrado, o noús, a inteligência, onde, como castigo divino tinha o seu fígado dilacerado por uma águia diuturnamente e não através de alguns pensadores que se apropriaram deste pensar. Se tudo isso é um desafio, ele é hercúleo, Prometeu tem de ser libertado por Hércules, filho de Zeus, como ocorreu na mitologia. A dificuldade da dor, no nosso entendimento, deveria de ser incluída neste axioma às claras, mas não nego que podemos fazer um interpretação neste sentido, como ousamos.



                                                  Em countdown ou fechando o vaso de tampa larga. Sem mais delongas, em seus investimentos não confunda dinheiro com esperança, você deve trabalhar a esperança e superá-la como se humano não fosse, vencida a esperança, tomado do bom métron ou do bom senso, você deve assumir pequenas perdas como coisas corriqueiras, com um leve sorriso no rosto, reconhecer erros e não ter arrependimentos, neste procedimento você deve tentar ser filho de Prometeu, o que pensa antes. Mas, no entanto, por desígnio de Zeus todo poderoso, somos filhos de Pandora, a mulher de todos os dons, e de Epimeteu, o que pensa depois, os nossos verdadeiros pais gregos, e diante de tantos males, inclusive nos negócios, só nos resta a esperança de superá-los, agora, com os axiomas de Zurique. Não podemos esquecer nunca que vivemos nos pesadelos e nas sombras da Idade de Ferro, onde a violência, a hýbris. encarcerou a Dyke, a justiça divina. Aos brasileiros cheios de esperança, na crença que os nossos males econômicos que, hipoteticamente, foram superados pelo plano real, acredito, em uma análise macroeconómica e mitológica, que ficaremos só nas esperanças, o barco está a afundar, os políticos e os economistas que sabem das coisas que o digam. O importante é que ficarão as esperanças no vaso de tampa larga, e elas se renovarão sempre. A conferir esta profecia. Toma lá, caríssimos, o nosso terceiro axioma maior:

                                                O homem é um vaso cheio de esperança, filho de Pandora, a mulher de todos os dons, e de Epimeteu, o que pensa depois.
                                                    Quarto axioma menor:
                                                    Viver é perder sempre. A dor produz maravilhosos aprendizados.
                                           

Epimeteu
                                                 

                                                             Zé Perrengue, temente aos deuses gregos.











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