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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Os brasileiros, Os Axiomas de Zurique e a Ganância

                                       

    A ganância é um bem (Margareth Thatcher-1925)
  1.                      

                                             Prolegômenos. Como prometemos, toma lá caríssimos leitores, o segundo texto, este sobre a ganância. Fazemos um alerta em prolegômenos, que estas ideias foram cunhadas na parcimónia da nossa capacidade de compreender a natureza de assunto tão complexo e urgente, pois logo no início dos estudos vislumbramos na escuridão das verdades, mentiras e das coisas cinzentas que se trata também de assunto espinhoso de entender ou querer compreender a indecifrável natureza humana. Como sempre, a análise segue o caminho tortuoso, o método, a arte de fazer as palavras e as ideias brigarem entre si, na tese, na antítese e na miséria da síntese impossível. A ganância é uma fraqueza humana? Disse isso no texto dos Riscos Suíços e, talvez, você não tenha percebido que esta afirmação pode não ser verdadeira, e fiz isso de propósito uma vez que as ideias estão em eterna discussão. Por outro lado, a minha afirmação não poderia levar a etiqueta de moralista? Ficam as dúvidas. 

                                             Thatcher e Gandhi. Vamos procurar a ganância. Gosto da Senhora Margareth Thatcher, nascida em1925, hoje mui digníssima Baronesa de Kesteven, título por concessão da Rainha Elizabeth II, conhecida como a Dama de Ferro. É conhecida por este codinome em razão de ter ocupado o cargo de Primeira Ministra do Reino Unido de 1979 a 1990, época conturbada em que se opôs a União Soviética com veemência e aos interesses sem fim dos sindicatos britânicos e, ainda, levar a cabo um programa de privatizações. Em resumo,  a  nossa pensadora fez história pela sua atuação e foi a primeira mulher a ocupar tal cargo no Reino Unido, daí a sua sentença sobre a ganância merecer o nosso olhar atento: "A ganância é um bem." A frase ou oração é simples e contundente, toda a ganância foi levada ao status de um bem humano. Outro pensador gigante deve ser colocado ao lado da nossa Dama de Ferro, como antítese necessária, Mahatma Gandhi, que sentenciou com muita lucidez: "A Terra provê o bastante para satisfazer a necessidade de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens." Gandhi é o que podemos chamar de filósofo da paz. Este sensacional indiano nascido em 1869 e assassinado em 1948 foi um dos maiores responsáveis pela independência da Índia em 1947.
                            Por aí vemos que a ganância é um assunto complexo como ousamos afirmar, é um dedo na alma humana. É melhor simplesmente afirmarmos que a ganância existe e pronto e por ser ela da natureza humana é imutável; outro aspecto, o mercado conhece a ganância e alia-se a ela controlando a sua e tirando proveito da alheia. O resto é o cidadão a alardear aos quatro ventos: eu não sou ganancioso, tu és ganancioso, ele é ganancioso, não sou ganancioso.... A tudo isso sempre diga: - Huuumm. Se você compreender melhor a ganância você entenderá melhor os negócios. Exemplificativamente, a frase vai valorizar mais, trabalhada no texto Minha Casa, Minha Ruína, é um exemplo de como se tirar proveito da ganância como fraqueza. É melhor irmos para o segundo axioma maior de Zurique, o qual citamos ipsis literis:

                                              O 2° Grande Axioma: Da Ganância
                                              Realize o lucro sempre cedo demais


                                               A ideia que fazemos é que os banqueiros são gananciosos. Se você fizesse uma pesquisa a respeito disso, certamente, a resposta seria afirmativa em 100%. Mas vejam só, o que um banqueiro ou investidor ou jogador profissional mais odeia é ser ganancioso, por isso a ideia de se realizar o lucro cedo demais. A ideia é ser ganancioso não sendo ganancioso. Ora, ora e ora não sendo gananciosos os racionalmente gananciosos realizarão os lucros cedo demais e pelo Princípio do Efeito Inverso ou Princípio do Cedo Demais eles conseguirão os seus objectivos atacando justamente o que de certa forma almejam, agora, os incautos não tomarão tento de sua ganância e, por isso, mais cedo ou mais tarde entregarão tudo ao mundo dos negócios


                                               Esta regra no meio acionário é de ouro uma vez que uma determinada ação hoje vale x e, num átimo, não vale dez por cento deste valor, então, o cedo demais passa a fazer muito sentido. Nesta ideia o melhor negócio é comprar de manhã e vender à tarde ou o popular day trade (Negócio diário)


                                               Na verdade este axioma instrui o investidor com a sabedoria suíça de colocar a ganância como uma aliada em seus investimentos. Deixe a ganância para os outros ou os riscos maiores, controle a sua ganância, não esqueça nunca que quem tudo quer tudo perde. Afinal de contas, em bolsas de valores ou em qualquer outro negócio nunca diga que obteve o dobro, o triplo e assim por diante em seu investimento se ainda não realizou o lucro. Uma das deduções ou reduções desta regra é que lucro bom é lucro no bolso, vi alguns foristas dizerem isto, achei sensato e muito condizente com o axioma da ganância. olhar sintético ou o resumo do resumo, da secagem do bagaço, no ponto final, ou na linha de chegada o que vale é o lucro e ele é só possível e real no bolso, lucro virtual deixe para o mercado. Esta sentença, outrossim, se relaciona com a própria Física uma vez que o que não está metaforicamenteno no seu bolso, não pode ser considerado como uma verdade, como uma realidade material, apenas uma probalidade, talvez, alimentada pela tresloucada ganância, enfim, um perigo.


                                            A utilidade da ganância alheia. A ganância é da essência da natureza humana, se você não tem nenhuma ganância, interesse, vaidade ou desejo você não é humano, impossível. O importante é aprender que o mercado trabalha com a ganância alheia, com a ganância humana e, sabiamente tenta controlar a sua e racionalizá-la ao extremo e neste jogo até a matemática é usada, cálculos são feitos e refeitos. Alguns ingênuos não se dão ao trabalho de prestar a atenção na profundidade da ganância. Exemplificativamente, quando o mercado cria as chamadas pirâmides ou esquema de Ponzi eles trabalham com a ganância da vítima, ou seja, as vítimas não são apenas vítimas, mas são vítimas gananciosas, a pior espécie de vítima, isso é um erro crasso, não seja, nunca, otimista em matéria de negócios ou conte com a possibilidade de ganhar sempre. Um lucro de um por cento ao mês em uma empresa é um lucro considerado muito bom. Agora, pirâmides que prometem lucros fantásticos, como multiplicar o capital em pouco tempo, só se você conseguir o timing do esquema que geralmente é favorável aos primeiros que tomam a água deste pote, o certo é que ele vai literalmente explodir, mais cedo ou mais tarde.


                                                          No texto Minha Casa, Minha Ruína disse que muitos investiram ou investem em imóveis com um argumento muito simples do vendedor: vai valorizar mais, só que nada se valoriza pra sempre, nada sobe pra sempre, o que sobe cai, o que cai poderá nunca mais subir.


                                                           Por outro lado, em uma antítese, podemos dizer que reduzindo a sua ganância, você estará reduzindo as suas chances de ficar rico?  Porque não? Porque sim?


                                                           Linha de chegada.  Esse axioma é muito mais filosófico do que muitas pessoas imaginam, vejam, pensem, se você não realizar o lucro esperando as triplicações quando já dobraram, depois quadruplicarem você não terá linha de chegada. Qual corrida que você está participando? Dos 100, 5000, 10.000 ou da maratona. O dinheiro, outrossim precisa de um final feliz, de um The End, de uma linha de chegada. O dinheiro não pode esgotar em si mesmo pois aí a ganância dará às mãos à avareza e o dinheiro perderá todo o sentido. Nunca confunda ganância com avareza. O dinheiro precisa de um repouso de uma reta final, por isso complementando o axioma acima temos o terceiro axioma menor:


                                                              Entre no negócio sabendo quanto quer ganhar; quando chegar lá, caia fora.


                                                         Manada de ganância. Frequentar fóruns sobre ações pela internet é prazeiroso e um aprendizado, com o passar do tempo, e nestes locais  você pode acompanhar manadas de investidores, mantidas pelo pior das ganâncias, a ganância cega. Chega a ser um espetáculo, é espetáculo em razão de você perceber que estão a criar uma bolha, uma pirâmide, ou seja lá o que for, em que alguns investidores praticamente cegos estão se dirigindo para o abatedouro de dinheiro. 


                                                         A epilogar. Em resumo, a ganância é da natureza humana e o mercado ao contrário do que muitos pensam não quer ser ganancioso, para ser ganancioso ou apostador, ou seja, para se ganhar é necessário não ser ganancioso. Por outro lado, o mercado conhecendo a ganância cega, joga com ela. Ademais, caminhar entre Thatcher e Gandhi trará muitas luzes em nosso caminho tortuoso e íngrime e não se espante se ficar irremediavelmente perdido, andando em círculos.  Toma lá, caríssimos, dois outros axiomas de nossa lavra complementando os de Max Gunther



                                                        A ganância é da natureza humana e ponto final. É o meu Segundo axioma maior. Terceiro axioma menor: O mercado trabalha com a ganância humana em seu favor.


Mahatma Gandhi - 1869-1948


                                                                Zé Perrengue.

             

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