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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Tédio ou O Mito de Sísifo


                                                                     Sísifo no Tártaro

      Em homenagem aos que têm uma vida repetitiva, cheia de tédio, mormente às dona-de-casa.

...o mais velhaco e manhoso dos mortais...
                                       

          O nosso tédio. Tédio pode ser uma sensação de desgosto continuado; de aborrecimento; algo enfadonho ou fastidioso. Estas sensações revelam o lado vago da vida que temos de contemplar, o nosso caminhar na estrada deserta sem sentido; o sentimento que o nosso pónos ou esforço é apenas um tributo deverasmente sagrado para o nada de cada dia O tédio pode ser também uma vida em correntes alternadas, pelo sentido e pelo sem sentido, pelo sim, pelo não, pelo ser, pelo não ser e esta nuance espiritual não passou ao largo da mitologia grega. A sabedoria grega, a mitologia grega, podemos afirmar, compreendeu o homem como se fosse uma máquina fotográfica e, por conseguinte, cada sopro de nossa alma foi fotografada por ela, em deslumbrantes fotos mitológicas, cheias de arte e imagens coloridas. Uma destas fotos ou narrativa mágica, cheia de imagens, é o Mito de Sísifo no Tártaro ou inferno nesta mitologia. Sísifo é, em resumo, um símbolo da vida repetitiva que podemos levar no mundo. Sísifo recebe uma das maiores punições da vida, o tédio, em uma época em que não poderia contar com o auxílio químico de uma simples benzoadiazepina, tão em voga nos últimos tempos.

                       Como já dissemos, na democracia teológica grega, os homens, às vezes interagiam com os deuses, confundindo-se com estes em belas imagens ou fotos. Antes de entrarmos na foto final de Sísifo, no seu destino cheio de tédios, é necessário apresentarmos aos leitores outras fotos de Sísifo.

                                                                       Sísifo, rei de Corinto, filho de Éolo e Enárete, casado com a ninfa Mérope, pai de Glauco, Ornito, Tersandro e Halmo, era considerado o mais velhaco e manhoso dos mortais. Na mitologia grega Ulisses, outro atrevido e solerte mortal, é filho de Anticléia e Laertes, contudo, segundo uma outra versão sua mãe já estava grávida de Sísifo quando se casou com Laertes. Esta gravidez teria ocorrido quando Sísifo foi reclamar parte de seu rebanho furtado por Autólico, pai de Anticléia. Em resumo, Ulisses não seria filho de Laertes e sim de Sísifo, explicação lógica da esperteza ou solércia de Ulisses.

                                                                       Sísifo presenciou o rapto da filha de Asopro pelo pai dos deuses, ou seja, Zeus e contou o fato para aquele. Como represália Zeus, pai dos deuses e dos homens, um deus vingativo, mandou que Tanatos, o deus da morte, carregasse Sísifo para o Tártaro ou inferno grego. No entanto, o nosso herói conseguiu prendê-lo. Com a prisão de Tanatos uma grande tragédia ocorreu: não morria mais ninguém, e Hades, o rei e zeloso administrador do inferno grego, reclamou para Zeus que libertou Tanatos e, novamente encarregou-o de levar Sísifo para o inferno. Todavia, o esperto Sísifo antes de morrer determinou que a sua mulher não prestasse as devidas honras fúnebres, sem as quais uma alma, uma sombra ou eídolon em grego, não permanecia no Tártaro. Indagado por Hades, o rei ctônio, sobre o sacrilégio ou a falta das honras fúnebres, o nosso velhaco personagem culpou a sua esposa de impiedade e suplicou para que retornasse para castigá-la com a promessa de retorno logo. Isto combinado e obtido, não cumpriu o prometido deixando-se ficar no reino dos vivos, ou seja, por duas vezes enganou a morte. Um dia, contudo, Tanatos levou Sísifo, em definitivo, e por sua afronta aos deuses foi condenado no inferno a rolar uma pedra montanha acima. Levada a pedra ao cume da montanha, logo esta rola montanha abaixo e Sísifo é obrigado a recomeçar tudo de novo, continuamente, para sempre, em um trabalho incessante e cruel. Destarte, temos aí o famosíssimo suplício de Sísifo no Tártaro ou o Mito de Sísifo.

                                                                       A narrativa acima é o mito do tédio, do trabalho contínuo e repetitivo. Não podemos esquecer nunca que a morte é o maior de todos os tédios, antes deste grande tédio, passamos por pequenos e médios tédios na nossa efêmera existência. Na verdade passamos pelas nossas pequenas e médias mortes no nosso dia a dia antes do tédio final. Sísifo é o tédio, o destino cruel do homem que deverá executar trabalhos repetitivos em sua jornada quer queira, quer não.Tanto isso é verdade que os dicionários consignam o substantivo masculino Sisifismo como uma tarefa contínua, em eterno recomeço. Por isso, exclamo, homens, ponham a mão na consciência, pensem no trabalho doméstico! Uma refeição terminada, utensílios à espera para serem lavados e em poucas horas, já que o homem não para de comer, tudo recomeçará, nova ingestão de alimentos e novas vasilhas para serem lavadas. O trabalho é leve, dentro de casa, contudo, maçante, repetitivo. Este trabalho de Sísifo das donas-de-casa e suas secretárias não é reconhecido na sociedade como deveria. Vejo estas pessoas carregando uma pedra montanha acima que logo rolará montanha abaixo e, logo, tudo se repetirá, continuamente, eternbamentre.

                                                                      O Mito de Sísifo não é apenas uma narrativa mitológica paupérrima, sem sentido, este mito é a foto do tédio, o trabalho repetitivo, a nossa esperteza tentando enganar Tanatos, o deus da morte, a nossa vontade de enganar a morte, com pequenos e médios tédios, até o maior de todos os tédios, a inexorável morte.


                                                                          Zé Perrengue, muita saúde à todas donas-de-casa.
Sísifo de Ivan Koulakov


terça-feira, 7 de junho de 2011

O Pomo da Discórdia ou Helena de Tróia

O casamento de Peleu e Tétis,
quadro de Giuseppe Mazzola

                          Adorável deusa Éris, símbolo da discórdia. Abrindo a primeira janela deste texto afirmo que muitos imaginam que a causa da guerra de tróia foi tão-somente o rapto de Helena por Paris. Há outras causas remotas e entre estas causas temos o famoso pomo da discórdia, expressão usada para sintetizar os conflitos de interesses, assunto fundamental nas ciências jurídicas. Na mitologia grega a discórdia é simbolizada pela deusa Éris. Qualquer conflito tem o seu lado positivo e envolve a difícil arte de julgar. O conflito é positivo em razão de poder levar ao dialogo ou a discussão saudável dos problemas. Por outras palavras podemos dizer, como os antigos, que “os macacos são muitos, as frutas poucas.” O conflito gera a pior das violências ou o melhor da paz.

Deusa Éris, filha de Nix,
a noite do véu negro
        Na época em que os bichos falavam houve uma cerimônia de casamento no Monte Pélion, na Grécia, entre a deusa Tétis e o mortal Peleu.  Tétis era filha de Nereu, o velho do mar, a mais bela das nereidas, sua mãe Dóris. Peleu, criado pelo centauro Quirão, foi orientado a conquistar Tétis depois que Zeus e Posídon desistiram dela. Tétis e Peleu são pais de Aquiles, famoso pela fragilidade de seu calcanhar, por isso temos a expressão calcanhar de aquiles, como fraqueza de alguém que pode ser explorada. Em uma das versões Tétis mergulhou o seu filho Aquiles nas águas do rio Estige, um rio do inferno grego, segurando-o pelo calcanhar quando este foi arrebatado pelo pai Peleu. É que a desastrada deusa Tétis já havia matado outros seis filhos tentando imortaliza-los. Tétis ficou tão zangada que abandonou a ambos. Neste ponto, observo a esplendorosa democracia entre mortais e deuses testemunhada na Grécia, uma deusa casando com um mortal, os filhos simples mortais. Tal democracia religiosa nunca mais será experimentada pelos homens com a vitória das religiões formais e profissionais onde a alegria dos trextos foi retirada.  

                       Todos os deuses foram convidados para as núpcias, com exceção da deusa Eris. Erei no indo-europeu significa perseguir e éris significa também combate, luta, na literatura. A deusa da discórdia é irmã do deus Ares, deus da guerra, Éris e Ares, a dupla infernal da mitologia grega. Os seus filhos são Pónos (fadiga), Léthe (esquecimento), Limós (fome), Álgos (dor) e Hórkos (juramento), uma filharada desta merece todo o respeito.  Hesíodo distingue duas discórdias, uma perniciosa e outra benfazeja que estimula a boa competição entre os homens. Os gregos já tinham a noção da importância do conflito. Digo isso para que nos inteirarmos que na discórdia pode estar a elevação ou a queda ou catábase. A nossa deusa Éris ficou indignada por não ser convidada para festa. É desnecessário dizer porque Éris não foi convidada, contudo, ela não se deu por rogada e para se vingar jogou uma maça de ouro na cerimônia, o famoso pomo da discórdia, destinado a  deusa mais bela da festa. O certo era as deusas não luteram pela maça de ouro, na prática o que aconterce é isso, a discórdia estará armada pelo pomo da discórdia, é da natureza humana e da natureza dos deuses gregos, criados a semelhança dos gregos, lutarem pelo pomo, talvez, até a morte. Logo exsurgiu uma discórdia entre as deusas Hera, esposa de Zeus, Atena Afrodite, respectivamente, filha e irmã de Zeus, pelo pomo de Éris. Cada deusa se julgava mais bela que a outra.


                       Nenhum deus propôs decidir a discórdia. Nenhum deus, Senhoras e Senhores! Decidir a discórdia é julgar, julgar é perigoso, quem julga pode acabar um dia sendo julgado, daí o perigo e decorrente deste a sabedoria dos deuses.


                       Zeus encarregou o mensageiro dos deuses, a saber, Hermes de levar as nossas deusas,  vaidosas e vingativas, para o monte Ida nas proximidades de Tróia para que Paris ou Alexandre, um pastor de cabras, decidisse a contenda. Explico que Hermes é um deus muito famoso na mitologia grega. É o símbolo da astúcia, do ardil e da trapaça. Protetor das estradas, dos comerciantes e dos ladrões e ainda como já disse um mensageiro dos deuses e até alcoviteiro.


O Julgamento de Páris, de Rubens1577-1640

                     Páris era filho de Príamo, rei de Tróia e de Hécuba. Paris foi abandonado no monte Ida depois que seu pai Príamo ficou sabendo que ele seria a ruína de Ilion, ocasião em que foi criado por Agesilau. Sua mãe Hécuba sonhara nos últimos dias de gravidez que estava dando à luz uma tocha que destruía a cidade de Tróia o que foi interpretado que ele seria a destruição da cidade. Páris conseguiu retornar e ser aceito no seio familiar depois de reconhecido por sua irmã Cassandra.                                    

 
                      Páris ficou assustado e quis fugir, mas Hermes o convenceu a decidir a questão. Paris não entendeu que estava recebendo um cargo de juiz, levar a cabo uma das coisas mais difíceis do mundo,  julgar. Não esqueçam, nem os deuses quiseram julgar. Certamente, foi arrogante, caindo na dupla armadilha, uma de Éris, outra de Zeus, ao julgar as vaidosas e vingativas deusas. Como todo Juiz Paris sofreu pressões. Hera lhe ofereceu o império da Ásia; Atená, a sabedoria e a vitória em todos os combates; e Afrodite o amor da mulher mais bela do mundo: Helena, mulher de Menelau, rei de Esparta, a mais bela das mulheres. Irracionalmente decidiu pelo amor de Helena, em favor da filha de Crono. Para vingarem de Páris, o juiz tolo, Hera e Atená participaram da guerra de Tróia ativamente protegendo os gregos contra os troianos. Do lado de Tróia ficaram entre outros deuses Afrodite, seu amante Ares, o deus da guerra e Apolo.   

                                                                                                                                                   
                           Vejam bem, o amor é desajuizado e a deusa Afrodite é o símbolo da falta de juízo. Protegido pela Deusa Afrodite, Páris conseguiu conquista-la fugindo com ela de Esparta com uma grande quantidade de tesouros.  A aventura de Páris terminou com a sua morte por Filoctetes e a destruição de Tróia. Aqui temos a simbologia entre amor e morte, a irracionalidade do amor traduzida pela expressão familiar: Ah! como o amor é lindo! O presente de Afrodite, o amor justamente de uma mulher casada, esposa de um rei espartano poderoso e perigoso, não é um presente, é uma doce armadilha, sem dizer que os espartanos também viviam de escravos e despojos de guerra, ou melhor a guerra estava armada pela deusa Éris e vejam só, auxiliada pelos outros deuses que não puseram panos quentes no conflito, ao contrário, prepararam o cenário da guerra. É, o casamento de Tétis, mãe de Aquiles, foi complicado!

Páris e Helena
Jacques-Louis David,
1748-1824.
Helena é o pomo da discórdia

                               Julgamentos incessantes. Todos nos julgamos incessantemente os nossos conflitos e os dos outros, julgamos tudo e todos. Somos máquinas conscientes e inconscientes de julgar. O próprio nome que damos as coisas é um julgamento. Quando julgamos estamos também escolhendo e separando. Os julgamentos, sem duvida, têm o patrocínio da deusa Éris, como pano de fundo o pomo da discórdia, os conflitos ou a bela Helena. Um advogado julga quando pede a procedência da ação, é um esboço da sentença o seu pedido, o mesmo pode-se falar de um Promotor. Quanto ao Juiz é dispensável fazermos comentários, pois é da sua essência  os julgamentos. O julgamento de Paris foi corajoso, um mortal decidindo sobre a beleza de deusas vingativas. Os deuses deveriam julgar os deuses ou os iguais devem julgar os iguais, agora um imortal sendo julgado por um mortal foi enigmático ou um detalhe interessante que de certa forma vai contra as regras dos julgamentos. Para piorar decidindo nada menos que sobre a beleza de uma deusa. Foi um Juiz, como diziam os gregos, comedor de presentes, uma vez que ganhou o amor complicado de Helena. Por outro lado, podemos dizer que Páris não proferiu nenhum julgamento, apenas fez uma escolha em causa própria, escolheu o amor, força contra a qual na Grécia nem os deuses podiam lutar. Paris julgou ou foi julgado? Escolheu o amor ou a morte? Nesta democracia entre homens e deuses outro fato que emerge é que o julgador Páris não passa de uma marionete dos deuses, no pântano de um determinismo estarrecedor pairando sobre ele ou a sua própria morte sendo urdida pelas Moiras, as deusas da morte, no torvelinho da vida. A grande verdade é que quem julga inexoravelmente será algum dia julgado, uma eterna verdade, muitas vezes cruelmente julgado, a pena máxima pode ser até a morte. Destarte, qualquer julgamento demanda humildade, traz em seu bojo um pomo da discórdia, um presente dos deuses.

...qualquer julgamento traz um pomo da disacórdia...
                             Bom senso ou métron. Só que na Grécia havia um ditado que recomendava que os homens portadores do métron, do bom senso, devessem sempre desconfiar dos presentes dos deuses. Para darmos mais um exemplo sobre o perigo   A Caixa de Pandora contendo todos os males foi um presente de Zeus.


                                 A lição deste mitologema que ficou martelando nas nossas cabeças sem cessar, como um vírus teimoso na garganta, foi que:  
      
                                                                     nem os deuses quiseram julgae...

                                  
                                    Z, muita saúde a todos.
                         


domingo, 5 de junho de 2011

Os mistérios legais do número 12 que tem intrigado tantos no correr dos séculos.




                                                  O número doze. O número doze está cheio de mistérios. Se hoje temos a Mulher Maravilha e o Super Homem, antigamente, os gregos tinham como um de seus heróis Hércules que nos faz lembrar o número doze. O nosso herói antigo foi obrigado por seu primo Euristeu, rei de Argos, uma cidade grega, a cumprir doze trabalhos ou doze aventuras. Na verdade Euristeu cumpria os desejos da deusa Hera que queria se vingar de Zeus por tê-la traída com Alcmena, mãe de Hércules. Hera na mitologia grega é a defensora do casamento legal, inimiga dos amantes e dos concubinos. |O seu oposto é a sensual e devassa deusa Afrodite. Depois da décima segunda aventura Hércules alcançou a imortalidade, indo morar no Olimpo junto com o seu pai celestial Zeus, todo poderoso, pai dos homens e dos deuses. O seu nome vem de héra que sighnifica em grego Hera e cléos que significa glória ou então por incrível que pareça Hércules significa a glória de Hera. O nome correto do nosso herói quando realizava os trabalhos é Alcides que em grego significa força ou vigor e só virou a glória de Hera após expiar os doze trabalhos.


                                                        Fraude de Zeus. Zeus, todo poderoso, desejando livrar a terra dos monstros que habitavam aqui nesta época queria um representante para destruí-los e escolheu a mais linda das mulheres, a tebana Alcmena prometida de Anfitrião  para concebê-lo. Zeus se transformou  em Anfitrião e, depois de três longas noite de amor, em que o tempo parou, engravidou-a de Hércules.

                                                        Criação da via láctea. Após trair sua esposa Hera com Alcmena, nascido Hércules, Zeus encarregou o deus Hermes a fazer com que Hera o amamentasse pois se sugasse o leite sagrado ganharia a imortalidade. Este deus Hermes era o mensageiro dos deuses, alcoviteiro, protetor dos ladrões, das estradas e dos caminhos. Hermes aproveitou um sono de Hera e colocou o bebê para sugar o leite de Hera que o fez com tanta força que ela acordou e o repeliu esparramando leite sagrado pelo céu, o que criou a via láctea. É uma bonita versão da criação da via láctea pelos gregos e é gratificante sabermos que somos filhos do sagrado leite materno de Hera, para quem não sabe na via láctea se encontra a terra.                                                   


                                                       Então podemos dizer que o número doze representa o fim de algo, terminar um trabalho, alcançar a imoretalidade, transformar-se em um deus. O número doze é o ponto final, a abençoada morte no sentido positivo ou o descanso da alma. Uma prova banal que o n úmero doze representa o fim de algo é que temos doze meses e dezembro é o doze, o fim de um ciclo de 365 dias. No próximo ciclo haverá renascimento e, por isso, o número doze morre e deixa esperanças. Morte e esperança uma junção no número doze.

                                                    O número doze é o número de Jerusalem Celeste, doze são as suas portas, doze apóstalos e doze cadeiras.


                                                     No tarô a carta número doze traz um enforcado, ou o melhor indica o fim de um ciclo não necessariamente a morte, já a carta número 13 simboliza claramente a morte.
                                                  

                                                        Os Axiomas de Zurique são doze, destacados em algarismos romanos, os números comuns destacam os axiomas menores:
                                                      
I - DO RISCO

Preocupação não é doença, mas sinal de saúde. Se você não está preocupado, não está arriscando o bastante.

1 - Só aposte o que vale a pena.
2 - Resista à tentação das diversificações.

II - da GANÂNCIA

Realize o lucro sempre cedo demais
.

3 - Entre no negócio sabendo quanto quer ganhar; quando chegar lá saia.

III - DA ESPERANÇA

Quando o barco começar a afundar, não reze. Abandone-o.

4 - Aceite as pequenas perdas com um sorriso, como factos da vida. Conte incorrer em vários, enquanto espera um grande ganho.

IV - DAS PREVISÕES

O comportamento do ser humano não é previsível. Desconfie de quem afirmar que conhece uma "nesga" do que seja do futuro.


V - DOS PADRÕES

Até começar a parecer ordem, o caos não é perigoso.

5 - Cuidado com a Armadilha do Historiador.
6 - Cuidado com a Ilusão do Grafista.
7 - Cuidado com a Ilusão de Correlação e a Ilusão de Causalidade
8 - Cuidado com a Falácia do Jogador.

VI - DA MOBILIDADE

Evite lançar raízes. Tolhem seus movimentos.

9 - Numa operação que não correu bem, não se deixe apanhar por sentimentos como lealdade ou saudade.
10 - Jamais hesite em sair de um negócio se algo mais atraente aparecer à sua frente.

VII - DA INTUIÇÃO

Só se pode confiar num palpite que possa ser explicado.
11 - Jamais confunda palpite com esperança.

VIII - DA RELIGIÃO E DO OCULTISMO

É improvável que entre Os desígnios de Deus para o Universo se inclua o de fazer você ficar rico.
12 - Se astrologia funcionasse, todos os astrólogos seriam ricos.
13 - Não é necessário exorcizar uma superstição. Podemos curti-la, desde que ela conheça o seu lugar.

IX - DO OPTIMISMO E DO PESSIMISMO

O optimismo significa esperar o melhor, mas confiança significa saber como se lidar com o pior. Jamais faça uma jogada por optimismo apenas.

X - DO CONSENSO

Fuja da opinião da maioria. Provavelmente está errada.

14 - Jamais embarque nas especulações da moda. Com frequência, a melhor hora de se comprar alguma coisa é quando ninguém a quer.

XI - DA TEIMOSIA

Se não deu certo da primeira vez, esqueça.


15 - Jamais tente salvar um mau investimento fazendo "preço médio".

XII - DO PLANEAMENTO

Planeamentos a longo prazo geram a perigosa crença de que o futuro está sob controle. É importante jamais levar muito a sério os seus planos a longo prazo, nem os de quem quer que seja.

16 - Fuja de investimentos a longo prazo.
                                                      Epilogando o número doze é emblemático, a própria irradiação do cosmo. Ganhar dinheirocve conseguir preservá-lo é um trabalho hercúleo, os doze trabalhos de Hércules ou um ciclo virtuso completo.

...ganhar dinheiro todo mundo ganha, o difícil é conservá-lo....
                                                        Zé Perrengue, fã do número doze.
Hércules

Dinheiro é isso o que eu quero ou Money, That's what I want

                            Caríssimos, uma das melhores músicas dançantes de todos os tempo, pelo menor para mim, é Money (That's'what I want de The Sqare Set.


                              Ouvir esta música lhe trará profundas alegrias sonoras. As ondas sonoras desta música são extremamentes dançantes. Por outro lado, caríssimos, não é preciso saber dançar esta música, ela te carregará naturalmente.
                            
                                Ouça esta música e veja abaixo a tradução. A letra é a cara da cultura amaricana. Dinheiro, é isso que eu quero; bem, agora me de o dinheiro; muito dinheiro, são todas frases verdadeiras. Isso é um reflexo da filosofia pragramática americana. O certo e o recerto para quem não saiba é dançar esta música e fazer o sinal que quer dinheiro, muito dinheiro. Uma jóia musical, um hit dos anos 70 que dificilmente deixará de fazer sucesso. O conjunto The square set fez muito sucesso, pena que já desapareceram bem, andam sumidos do som, do mundo dos sons. As crianças gostam de alegrias, elas adoram dançar esta música por sua alegria dançante.
                                 Por favor escutem esta música e tenham muitas alegrias, efusivas alegrias. 
Money (That's What I Want)                                       
The best things in life are free
But you can keep them for the birds and bees
Now give me money
That's what I want
That's what I want, yeah
That's what I want

Your lovin' gives me a thrill
But your lovin' don't pay my bills
Now give me money
That's what I want
That's what I want, yeah
That's what I want

Money don't get everything it's true
What it don't get, I can't use
Now give me money
That's what I want
That's what I want, yeah
That's what I want, wah

Money don't get everything it's true
What it don't get, I can't use
Now give me money
That's what I want
That's what I want, yeah
That's what I want

Well now give me money
A lot of money
Wow, yeah, I wanna be free
Oh lot of money
That's what I want
That's what I want, well
Now give me money
A lot of money
Wow, yeah, you need money
Now, give me money
That's what I want, yeah
That's what I want, yeah
Dinheiro (é isso que eu quero) The 
As melhores coisas da vida são de graça
Mas você pode mantê-las para os pássaros e abelhas
Agora me dê dinheiro,
É isso que eu quero,
É isso que eu quero, sim!
É isso que eu quero

Seu amor me dá uma emoção,
Mas o seu amor não paga minhas contas,
Agora me dê o dinheiro,
É isso que eu quero,
É isso que eu quero, sim!
É isso que eu quero

Dinheiro não compra tudo, verdade
O que ele não compra, eu não posso usar,
Agora me dê o dinheiro,
É isso que eu quero,
É isso que eu quero, sim!
É isso que eu quero

Dinheiro não compra tudo, verdade
O que ele não compra, eu não posso usar,
Agora me dê o dinheiro,
É isso que eu quero,
É isso que eu quero, sim!
É isso que eu quero

Bem agora me dê o dinheiro,
Muito dinheiro,
Wow, sim, eu quero ser livre,
Oh, muito dinheiro
É isso que eu quero
É isso que eu quero, bem
Agora me dê o dinheiro,
Muito dinheiro,
Wow, sim, você precisa de dinheiro
Agora, me dê o dinheiro
É isso que eu quero,
É isso que eu quero, sim

                                                             Muitas alegrias sonoras a todos,
                                                            Dom D.J. Silver, colaborador do Fogaréu.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Esperando Godot, na angústia

Esperando Godot, peça encenada
                              Nascemos todos loucos, alguns continuam. (Estragon, personagem beckettiano)


                                                                 

                                                            A necessidade de devorarmos Godot. Caríssimos, primeiramente muita saúde a todos, entrando no assunto, já que não posso fazer dormir o assunto, por favor leiam o irlandes Samuel Beckett (1906-1989) e em especial a sua peça teatral Esperando Godot. A leitura desta peça trará muitas alegrias a todos vocês uma vez que Samuel é o cara ou um dos caras. Ele nos faz pensar, diz pouco, quer que completemos a sua obra. Faz Despertar o ESPANTO tão caro aos filósofos e aos escritores. 


                                                           Obra histórica. Esta peça é muito importante historicamente em razão de ser um divisor de águas do teatro do século XX, ou seja, as peças teatrais nunca tinham sido escritas de uma maneira tão diferente como Samuel Beckett elaborou esta. Ler esta obra é pão com mel, como diz o lendário Sancho Pança de Miguel de Cervantes, ou é uma peça fácil e breve. Gosto da obra em razão dela fazer-nos refletir sobre a espera, a eterna espera. Acredito que a grandeza desta obra esteja também na escolha do próprio título. Uma escolha impagável do autor. A obra foi escrita em francês com o título En attendant Godot, traduzida para o alemão com o título Warten auf Godot e para o inglês Waiting for Godot.

                                               
                                               Originalidade. Uma grande obra tem uma originalidade e a grandiosidade desta é a sua redução descambando para o absurdo da espera. Os personagens principais apenas dialogam em um palco quase vazio a não ser por uma árvore desfolhada e a todo o momento eles se lembram ou nos fazem lembrar que estamos esperando Godot. Godot não aparece e nunca aparecerá, melhor nem pode aparecer, se aparecesse, provavelmente, tudo acabaria. Uma obra prima, sem um começo, meio e fim. O enredo é teoricamente muito simples e na verdade é muito complexo. Esperando Godot é o minimalismo e o absurdo levados ao extremo nas artes cênicas. Para quem não sabe minimalismo é uma tendência artística para o mínimo, para o simples, uma redução artística planejada. Podemos aprender com o autor que todo o excesso pode ser vício nos nossos escritos. Que as palavras ajudam, mas podem atrapalhar ou entregar Godot. Imaginem Capitu se Machado de Assis tivesse dado a palavra a ela, adeus mistério, polêmica e curiosidade.

                                                
                                            Quem é Godot? pode ser a riqueza em sentido amplo que nunca chega, a doença que nunca é curada, enfim a felicidade que não aparece ou o que você quiser. Quem sabe Deus, talvez a morte. O importante da peça é que estamos esperando Godot, o que basta é que esperando godot..., esperando godet..., esperando godin..., fica ressoando em nossas cabeças querendo ser complementado por zilhões de idéias.  

                                            
                                             Os personagens. Os personagens são os impagáveis maltrapilhos Vladimir e Estragon também chamados, respectivamente, Didi e Gogô. Eles estão ali, próximos a árvore desfolhada para atenderem ao chamado de Godot, Godet ou Godin e ficam ali esperando Godot. Nesse meio tempo aparecem Pozzo e Lucky, o primeiro um cego segurando uma corda amarrada no pescoço do segundo que se juntarão aos outros e por fim um menino que avisa que Godot não virá.


                                       
                                             Do útero para o túmulo é um parto difícil. Na primeira montagem da peça quase toda a platéia se levantou e foi embora indignada. Não souberam esperar Godot. Não entanto, a ficha caiu, a peça caiu no gosto da crítica e foi aclamadíssima, embora a maioria do público sempre ficasse arredia ao enredo. Pelo menos Justiça foi feita ao talento de quem escreveu obras como Molloy, Malone Morre e O Inominável. Como disse Samuel Beckett na peça: Do útero para o túmulo é um parto difícil. Oh, como é difícil o PARTO Samuel Beckett!


                                              Nada a fazer ou Angustia da espera. Esperando Godot é a peça da espera, da angústia da espera, da angústia do homem, por isso, simplesmente por isso, é uma peça marcante. Quanto mais você estuda a peça mais descobertas encontra e mais dúvidas surgem. O primeiro enunciado:  Nada a fazer, a cargo de Estragon é enigmático, exemplificativamente:


                                                            "Estrada no campo. Árvore. Entardecer.


                                                             Sentado sobre uma pedra, Estragon tenta tirar a bota. Faz força com as duas mãos, gemendo. Pára, exausto; descansa, ofegante; recomeça. Mais uma vez.


                                                             Entra Vladimir


                                                              Estragon


                                                               (Desistindo de novo) Nada a fazer."
                                                          
2=divisão, o homem, o relativo...
                                                            O número 2. Prestem  atenção em alguns detalhes: a dupla Vladimir e Estragon tem o mesmo número de letras em seus nomes, oito letras, dando a entender que são uma unidade, em dois, bem como, a outra dupla que aparece Pozzo e Lucky, cinco letras. Outro detalhe, duas duplas, usando todos chapés-coco, em que Lucky se identifica melhor com Estragon e Pozzo com Vladimir. Duas duplas, dois atos dando estrutura à peça e dois dias esperando Godot. O número dois pode simbolizar a união ou a divisão? Pergunta intrigante, o número 1 simboliza o uno; o absoluto; o indivisível; Godot; Deus; o que não é carente; a união de tudo;o que basta a si mesmo; o primeiro; a essência; o criador. Já o número 2 vem depois do número 1, significa a divisão; a discórdia; o conflito que tem duas versões; o homem; Epimeteu o que pensa depois e Pandora, a mulher de todos os dons, nossos pais gregos; Adão e Eva; talvez, a união do sádico e do masoquismo; a tese e a antítese; Hagel; o número dois é o complemento da obra de Beckett feito por nós. O número 2 na matemática é o único número par primo. Na Finlândia, no dia da independência, são acendidas duas velas significando a divisão, a independência. Beckett, sabiamente, se recusava a comentar sobre a essência da peça ou mais, precisamente, o que significava a palavra Godot.

                                                           Tudo=Angústia. Em verdade tudo é angústia, angústia da morte implacável. Infelizmente, como diz Sartre, a angústia maior, a morte, tira sentido de tudo e de todos e esperando Godot continuará um mistério para Beckett e para nós. Beckett foi feliz em construir uma peça reduzida na angústia, na angústia que só os homens sabem vivenciá-la e administrá-la.


                                                           Cito  outro trecho da peça para o nosso deleite espiritual:


                                                           Estragon
                                                           
                                                           Chega! Estou cansado.

Nada a fazer

                                                           Vladimir
                                                            
                                                            Prefere ficar plantado aí, sem fazer nada?
                
                                                            Estragon

                                                             Prefiro.

                                                             Vladimir

                                                             A escolha é sua

                                                             Estragon

                                                             Vamos embora.

                                                              Vladimir


                                                              A gente não pode.


                                                              Estragon


                                                              Por quê?


                                                              Vladimir


                                                               Estamos esperando Godot.

                                                               Estragon                                                    


                                                               É mesmo.



Waiting for Godot
                              Espera eterna. Epilogando, o pior, o melhor é que estamos esperando Godot; eternamente esperando Godot, Godot não virá, talvez, uma criança mandará um recado que ele não virá, então o nosso coração se encherá de novas esperanças com a mensagem da criança, ora, Godot não virá, poderá vir, e aí, em razão da tênue mensagem, ainda teremos forças para renovadas angústias, para continuarmos Esperando Godin ou  esperando o nada.
                                                     
                            Despedida. Samuel Beckett, nosso amigo espiritual, obrigado por ter existido, por ter esperado Godot como nós todos, ainda, esperamos, que você R.I.P. ou rest in peace ou descanse em paz, em sua Irlanda, terra de notáveis escritores.
                                                  


Samuel Beckett, talvez, esteja esperando Godot

                                                    




Cidade de Goiás-Go: Esperando Godot.


      

                                                          Zé Perrengue, Waiting for Godot.